Contos do Café 02 - Parte 01

Fala zumbizada noiada da internet, colocamos no blog mais um conto, porém este é feito e duas partes. Esperamos que vocês se sintam aterrorizados e embarquem nessa viagem pela mente de um cara que vive o dia mais estranho de sua vida. Vamos começar a refeição?


Possessão - Parte 01


Os dias mais estranhos da minha vida nem se comparam ao que vivi hoje. E olha que sempre fui considerado a aberração da família e da escola no interior. Flertava com o gótico e o underground, RPG’s de vampiros, livros de bruxaria e poesias de Byron lotavam minha escrivaninha, andava no cemitério da minha cidadezinha como se fosse minha casa, melhorei quando vim para a cidade grande fazer faculdade.
Agora sou um paranóico, que tem medo até de espelhos. Ando correndo com medo de estar sendo seguido... tudo depois desse dia.

Começou normal, eu ia dormir após passar a noite toda trabalhando no meu projeto do curso de ciência da computação, e como muitos na vida acadêmica, bebi uma vodka inteira e compartilhei um baseado com uns amigos que passaram aqui em casa.
Cansadaço, meu corpo pedia pela minha cama, mas antes de dormir, não importa o quão cansado eu esteja, tenho como um ritual, quase um transtorno, preciso me masturbar vendo pornô na internet.
Não consigo dormir se não faço isso, solitário, a aparência não ajuda, muito menos a vida corrida de faculdade, e um dos cursos com menos meninas do campus, por isso tudo, ainda sou adepto desta arte de se dar prazer.

Lá fui eu, o notebook já estava ligado tocando umas musicas, o navegador estava aberto, achei estranho, alguém devia ter usado meu notebook, mas eu não lembro de alguém ter mexido aqui, um site bem diferente, simplesmente um fundo vermelho-sangue e no rodapé alguns crânios encimados por velas derretendo ao calor da chama acesa. Eu ia fechar a página sem nem querer saber que tipo de bobagem melo-satanica era aquela, mas ao passar o cursor, automaticamente ia selecionando um texto escrito em vermelho também que ficava visível com a seleção.
O texto me intrigou, eu não sabia que língua tinha sido escrito, coloquei no tradutor, mas não deu em nada, até que percebi que era uma oração em inglês escrita totalmente revertida.
Que bobagem! - Eu pensei, lembrei dos meus manuais de bruxaria e magia negra da adolescência – Algum noiado estava tentando fazer um pacto com o diabo na minha kitnet! – Ri pavorosamente de doer a minha barriga.
Depois tentei fechar a aba e aquela porcaria reaparecia, que sacanagem dos caras. Esse povo não tem o que fazer e ficam pregando peças com essas programações amadoras.
Eu não quis reiniciar, então deixei lá e abri meus videozinhos... não preciso descrever essa parte, mas foi bom.
Relaxei de imediato quando terminei que até cochilei ali no tapete mesmo. O ar era morno, a respiração pausada, meu corpo tremia e meus ossos estralavam em um ritmo calmo, aos poucos ia me deixando levar pelo sono, até que senti uma presença na sala. O clima mudou totalmente.
A principio achei que estivesse sonhando, senti um peso sobre o meu corpo e algo como uma leve sucção na região do meu pênis, por mais estranho que fosse eu estava até gostando, em seguida me ardeu à pele como se tivesse sido queimado, aquilo me fez abrir os olhos e desesperado passei a mão na minha virilha que parecia estar pegando fogo.
Naquele momento achei que ainda estivesse dormindo, pois parado ao meu lado inclinado sobre mim estava um ser opaco e sem definição, me olhando com aqueles olhos profundos sem íris, trapos desciam do que aparentava ser um corpo esquelético e tocavam minha pele, a sensação era que serpentes se enrolavam em mim, quando viu que o encarei, de rompante se aproximou de meu rosto como num filme acelerado, vi sua boca sem os lábios e seus dentes em serras como a arcada de um tubarão, uma língua viperina se anunciou e me lambeu a boca, seu hálito deletério, como carne em decomposição se espalhou no quarto, e uma voz ressoante preencheu minha sala como um som surround.
Coisas sem sentindo em um tom gutural eram ditas como o disparo de uma metralhadora. O ser olhava para todos os lados, como se estivesse prestando atenção se alguém mais o via ou o ouvia, nesse momento eu fechei os olhos tentando me acordar daquele pesadelo, mas o fedor que tomou conta do ambiente me fazia tossir feito um tuberculoso lembrando que não era um sonho. Arrastei-me de costas para afastar, mas ele estava atado em minhas pernas e cintura e me acompanhava. A boca ficou seca, o ar ficou rarefeito, me senti tonto e minhas pernas começaram a formigar e logo em seguida eu não as sentia mais, eu as vislumbrei por entre aqueles trapos que me cobriam e parecia que tinham sido pintadas de roxo, como quando o sangue para de circular, senti o formigamento subir pela minha virilha, cintura, barriga, peito e pescoço e por fim escureceu minha visão.

... continua em breve...




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